16 de mai. de 2007

Drogas

Há um traço da minha personalidade que é irritantemente constante, aparente e incômodo: meu desprezo total e absoluto pelas drogas e por quem as usa. Exceto, é claro, quando as pessoas o fazem por necessidade médica, embora hoje em dia essa necessidade seja muito difícil de diagnosticar com exatidão e qualquer coisa, até unha encravada, anda ganhando umas pílulas.
Eu não fumo, não bebo, não cheiro nem injeto nada (mas faço sexo, veja bem!). Tomo quando muito meus antibióticos e analgésicos quando a coisa pega, mas fora isso, evito ao máximo consumir qualquer coisa que altere minha percepção, raciocínio, disposição (mesmo que para melhor) e sanidade.
Não consigo lembrar de sensação pior na vida do que estar bêbado, e olhe que quando eu era moleque, isso acontecia muito. Hoje em dia, o gosto do álcool me dá um enjôo terrível, a ponto de eu querer cuspi-lo no ato. Já tomei uma golada de cerveja pensando ser guaraná (confundi o copo com o de outra pessoa) e quase imitei aquelas cenas de desenho animado, jorrando em cima de todo mundo. A famosa cidra na virada de ano me dá dor de cabeça no ato e me deixa tonto e indisposto.
O cigarro, então, me dá ânsia de vômito. Ficar perto de alguém fumando me faz querer sair correndo, com falta de ar; sentir isso no hálito da pessoa me dá um nojo insuperavelmente maior do que aquelas melecas de filme B de terror.
Eu tento evitar fazer isso, em prol da sociabilidade, mas admito que eu desço a pessoa consumidora dessas coisas alguns degraus na escala do meu apreço e respeito. Sim, eu respeito menos a quem fuma, bebe ou "dá um pega", entre outras práticas, tanto mais quanto maior a ilegalidade e potência da referida substância.
Reconheço meu preconceito, mas não consigo abrir mão dele. Faço um esforço consciente e muito grande em relação aos amigos que tenho, para não perdê-los. Procuro observar neles somente os motivos pelos quais lhes dou meu apreço, mas isso nem sempre é tão fácil e simples. E com certeza, tem evitado que eu faça novos amigos também.
Num mundo onde se pode falar abertamente sobre o baseado que foi ou será consumido em seguida, e a cada dia mais se pode fazê-lo na frente de quem quer que seja, sobram poucos lugares onde eu posso me sentir à vontade, que não sejam a minha casa. E isso somente no andar de cima, pois abaixo a minha família "manguaça" com freqüência.

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