12 de mar. de 2008

A mulher. Ah, a mulher!

Tá atrasado, eu sei, mas aqui vai minha homenagem para as mulheres naquele que é (foi) o seu dia:

Dicas para a mulher moderna e esperta

"O pau cumeu!"

  1. A violência do homem contra a mulher só vai terminar quando começar a violência da mulher contra o homem. Afinal, ninguém briga com quem bate igual ou mais forte. Brincadeirinha, claro. Mas o assunto é sério. Ainda hoje, a mulher é agredida, humilhada, escravizada e violentada mundo afora. Por isso, todo cuidado e toda atitude é pouca.

  2. Parece que a maioria dos especialistas em segurança diz que é sempre melhor não reagir. Mas diante de uma agressão inevitável de alguém próximo, se você tiver condições de reagir (físicas, emocionais, psicológicas), pode ser que você prefira tentar revidar do que apanhar passivamente. E nesse caso, vai uma dica tática: bata onde dói, na traição, sem ele esperar. Não tente brigar de igual pra igual. O homem em geral tem mais massa muscular e portanto bate mais forte e é mais rápido (desde que não seja um porco gordo regado a cerveja). Portanto, os alvos são: virilha, saco, joelho, olhos e nariz. E não bata só uma vez e fique admirando a obra ("Uau! Acertei um chute!"). Garanta que ele não possa mais revidar. Depois que ele estiver no chão, aí sim, faça a festa, se quiser! E não se esqueça: vocês costumam cultivar unhas! Faça bom uso delas.

  3. Claro que a dica acima serve somente para o caso de você ser burr... er... "distraída" e não perceber que o tão sonhado príncipe encantado é na verdade uma versão pouco melhorada do brucutu (pra quem não tem a referência, homem das cavernas). Homens que agridem em geral tem um perfil mais ou menos padrão, e deixam boas pistas: dão mostras de pouca paciência, são coléricos (vão da calma zen ao ódio gritante num piscar de olhos), gostam de brincadeiras físicas (brincar de segurar, de dar tapinhas, etc., mesmo entre os amigos), esmurram paredes, etc.

  4. Não aceite ser agredida! Não há desculpas para uma agressão. Mesmo que ele se derreta em desculpas e bons tratos depois de uma agressão ou brutalidade, ainda que leve, saia fora o quanto antes. Na hora do "pé na bunda", dê preferência a um local seguro e familiar para você, com muita gente (de preferência, gente conhecida ou familiares) e não entre em guerra com o cara. Diga generalidades e não dê os reais motivos ("Você é horrível! Eu te odeio!"). Manja um "estou confusa e não me sinto preparada para um relacionamento"?

  5. Agora, se agressão for séria, é importante denunciar. Boletim de ocorrência e tudo. O cara tem que saber que isso não se faz, que isso é sério e que dá cadeia. Eu sei, é difícil alguém nesse país ir preso por bater em mulher, mas se as próprias mulheres não mudarem essa situação, vão continuar sendo somente as vítimas da história.

  6. Complementando as dicas acima, entenda que agredir é um hábito. Seja porque viu isso quando criança ou porque ninguém nunca tolheu esse comportamento quando ele era menor, o fato é que se ele uma única vez que seja, se achou no direito de agarrar um braço ou prender um pulso, é porque para ele acredita (mesmo que não verbalize) que isso é uma atitude aceitável e fará isso sempre que a situação se repetir. Significa que o respeito à sua integridade física, à sua individualidade não é a prioridade dele. Ele provavelmente não tem esse respeito por ninguém, mas no amor, há uma certa dose de possessão ("minha namorada", "minha mulher", etc.), mais liberdade com o outro do que com estranhos, confusão emocional, etc., o que aumenta a chance de agressão, se já há uma pré-disposição.

  7. A regra também vale para a violência moral e emocional. Quem humilha, maltrata e abusa emocionalmente também faz disso um hábito. E costuma ser ainda mais freqüente que a violência física, uma vez que ninguém vê as marcas e em tese, é "menos pior" do que dar uns tapas.

  8. Hábitos são muito difíceis de mudar. Alguém acha fácil fazer reeducação alimentar, parar de fumar, de beber, de roer unhas, etc.? Mesmo que você o ame, que ele a ame (quem agride em geral, sente amor, mesmo que não seja a mesma coisa do seu ponto de vista), e diga que vai mudar, a questão é: você está disposta a aguentar pancada até que isso aconteça? Qual o seu limite? Na minha opinião, o limite é um (1): uma pancada, uma agressão, uma brincadeira estúpida que não parou na hora em que você disse "não" e ponto. É melhor não dar chance pro azar e de repente acabar no hospital.

  9. Homens que bebem batem mais facilmente. O álcool inibe justamente os centros da razão, do bom senso, dos limites. Por isso, jamais discuta com um marido ou namorado bêbado.

  10. Se você é mãe, ensine sua filha a não ser somente uma dondoca frágil e a identificar possíveis agressores. Karatê, Taekwondo e Jiu-jitsu são ótimos esportes para garotas também.

  11. Muitos homens aprendem com suas mães a como tratar uma mulher. Uma mãe submissa, que não se valorize e que não exija respeito, vai passar esse modelo para seus filhos. Não permita que seu filho transforme-se num agressor de mulheres.

"A igualdade é branca!" (filme do Krzysztof Kieslowski)

  1. Numa relação a dois, espera-se igualdade de direitos e obrigações. Mas a realidade mostra o quão longe ainda estamos disso e a culpa está nos dois lados. Aprenda a construir um relacionamento harmonioso (tanto quanto possível).

  2. Estabeleça seus limites, exigências e compromissos bem cedo no relacionamento. Não seja toda docinho ("tô facinho") no começo para depois resolver "mostrar as garras". Isso vai fazer você mudar aos olhos dele. Melhor é mostrar logo quem você é. Assim, vai evitar que ele se desiluda depois e se ele gostar de você, será pela pessoa real e não por uma ficção que foi vendida a ele. Claro, a recíproca é verdadeira e desconfie daquele cara que é "um amor" 100% do tempo. Pode haver um brucutu embaixo de todas aquelas flores (vide "O pau cumeu!", ali em cima).

  3. Diz-se com freqüência que a mulher moderna vive uma tripla jornada: mulher, profissional e mãe. Isso ocorre porque as mulheres permitem que seus parceiros também tenham sua tripla jornada: profissional (se não for um vagabundo), botequeiro (happy hour também conta) e jogador de várzea (um verdadeiro Kaká!). A dica é: pare de ser Amélia e mande o gajo se coçar! Não o saco, pois isso ele já faz até demais. Divida as tarefas igualmente e exija que ele cumpra sua parte. Ficou de lavar a louça e esqueceu? Lembre-o todas as vezes que ele esquecer e cobre que seja feito. Não aceite que cuidar da casa seja somente sua obrigação. É obrigação dos dois.

  4. Complementando a dica acima, muitas mulheres dizem que seus maridos são bons, pois "ajudam" em casa. Quando a mulher diz isso, está na verdade assumindo duas coisas:
    1. Que a obrigação é dela. Afinal, só quem tem a obrigação de fazer é que pode pedir e receber ajuda. Mas se não receber a tal ajuda, é ela quem tem que se virar pra resolver sozinha.

    2. Quem ajuda não tem obrigação. Quem ajuda o faz por caridade, por compaixão, por zelo. Mas não há compromisso. Quem encara o que faz como ajuda, só ajuda quando quer e sente que deve (o que costuma ser raro quando a coisa em questão envolve roupa, louça, vassoura ou fralda).

  5. Bote a boca no trombone! Está frustrada, sobrecarregada, esgotada e irritada? Fale! Chame o fulano e explique tudo. Cobre, lembre, exija! Quem não fala o que sente passa sempre a impressão de que está tudo bem. Depois do boteco, ele nunca vai reparar que aqueles cabelos desgrenhados, aquelas olheiras e palidez são decorrentes do trabalho doméstico.

"Só as cachorra! Ú! Hu! Hu! Hu! Hu!"

  1. Tudo bem querer ser a mais preparada ou a mais tchutchuca do baile funk, mas você não é só um pedaço de carne para deleite masculino, é? Eu, pelo menos, espero que não, senão todo este texto não fará o menor sentido.

  2. O fato é que você sempre será tratada de maneira correspondente ao que você aparenta ser (ou realmente é, claro). Se você só se preocupar com sua aparência, se sua única obsessão é estar gostosa, só o que você vai atrair são lobos famintos por carne. Cultivar outras partes do corpo, como o cérebro, ajuda horrores a levantar a auto-estima, a reconhecer quando um cara não lhe merece, a construir um relacionamento com igualdade e a até enfrentar a solidão de cabeça erguida.

  3. Nada contra a beleza ou a estética, mas quando isso vira a prioridade da sua vida e passa por cima de coisas mais importantes como um bom papo, uma companhia agradável e um carinho na pessoa amada, alguma coisa vai mal.

  4. Todo mundo tem barriguinha, pneuzinho, estria, peito caído e pêlos no corpo (tá, talvez a Gisele Bundchen não tenha, mas ela não tem quase nada lá naquele corpo mesmo). Não é por isso que você tem que se sentir diminuída. Se você sofre com isso, é sinal de que o julgamento dos outros é mais importante para você do que você é de verdade.

  5. Como dizem por aí, um sorriso faz verdadeiros milagres, ainda mais quando vem naturalmente, de dentro. Sabe aquela coisa de dizer: "mas o que ele viu naquela baranga"? Pois então, ele pode ter visto muita coisa, que você talvez nem tenha prestado atenção, pois estava olhando para coisas menos importantes. E talvez esteja olhando justamente para essas mesmas coisas em você, ao invés de olhar o que você tem de bom e nas coisas em que pode melhorar.

"Neverending story"

Finalizando:

  1. Seja inteligente! E cultive essa inteligência.

  2. Seja você mesma! Sempre! Se achar que tem que mudar, mude! Mas pense bem o que essa mudança representa e o que fará por você. Mas só mude se descobrir que quer mesmo mudar. Não mude para agradar os outros. Isso é falso e não se sustenta com o tempo.

  3. O ditado ainda vale: antes só do que mal acompanhada. Não aceite qualquer traste do seu lado apenas para dizer a si mesma que tem alguém. Pode ser que esse alguém sirva apenas para atrapalhar sua vida e impedi-la de crescer.

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